A primeira experiência fundamental para cada pessoa batizada é a de se descobrir amada por Deus e desde o princípio, pensada pelo Pai. Todo o universo foi criado por um ato de amor livre do Senhor, que pensou o mundo e a história, a natureza e todo o firmamento como um mosaico maravilhoso, no qual cada criatura ocupa um lugar único e insubstituível, tornando-se assim “pedrinha” desta obra de arte desejada e criada por Deus.
ESTOU EM EMU LUGAR?
NO UNIVERSO CRIADO

cada homem e mulher nascidos para a vida é único e insubstituível e foi desejado e moldado pelo Senhor com um ato de gratuidade absoluta e de amor incondicional. A experiência fundamental do caminho cristão, que ilumina com a beleza a existência de cada pessoa, é, portanto, a de se reconhecer como importante para o Criador, chamado à vida para desempenhar um papel e uma tarefa que ninguém mais pode realizar em nosso lugar. Isso enche o coração de alegria e gratidão.

Is 43,1
“CHAMEI-TE PELO TEU NOME, TU ÉS MEU”
diz o Senhor através do profeta. Essa consciência amadurece no cuidado de um relacionamento pessoal com Deus e gera surpresa e admiração. Podemos dizer que a primeira diaconia é a do Deus Criador, Uno e Trino, que, como acontece nas relações trinitárias, ao criar se retira e abre espaço para a existência das criaturas e, em particular, do ser humano. A diaconia é o exercício da humildade de Deus: a partir dessa ação de gratuidade absoluta, o homem de fé descobre que ele pertence a um Deus que é somente e infinitamente amor.
A partir desta experiência
Is 43,4
de saber-se criado e amado desde sempre , surge a consciência de não estar no mundo por acaso. Então o Senhor se dirige para cada um de nós: “tu es precioso aos meus olhos, porque es digno de honra e eu te amo”. Cada pessoa é, portanto, é especial, é conhecida e amada pessoalmente, sua existência tem um sentido iluminado pela experiência do Eterno que vive nela e da qual faz parte


Ap 22 13
Este plano de amor tem em Cristo sua realização. Ele, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, manifesta plenamente a predileção do Criador por suas criaturas, e mostra o objetivo do caminho de amadurecimento que toda a humanidade, juntamente com toda a criação, é chamada a seguir.
É Jesus “o Alfa e o Omega, o Primeiro e o Último, o Principio e o Fim”.
COMO UM MOSAICO
Padre Ottorino quis representar tudo isso com uma imagem muito eficaz e sugestiva: uma cruz de mosaico, de cor dourada sobre fundo prateado, na qual cada peça representa uma criatura.
Uma destas peças, no entanto, é representada ‘fora de lugar’, mostrando uma desarmonia, uma falha na cruz.
Por que esse detalhe?
A imagem quer indicar a experiência comum pela qual muitas vezes acontece que as pessoas, especialmente os mais frágeis, os pobres e os marginalizados, experimentam uma sensação de abandono e solidão, de modo a acreditar que estão no mundo por acaso, que são esquecidos também por Deus.

Fora da metáfora, entendemos que todos são necessários para o maravilhoso projeto do amor de Deus.
Eis então o convite a procurar destemidamente o próprio lugar nesta história de predileção que o Senhor deseja escrever com cada um de nós.
A imagem de Padre Ottorino traz, assim, uma pergunta evocativa e provocativa: “Estou no meu lugar?”
É o convite a descobrir-se chamado a viver a propria vida como única e irrepetível, como muito importante aos olhos do Criador.